domingo, 24 de fevereiro de 2013

Quando o Céu escurece

Tenho uma bela vista do quarto de hotel. Ainda que a janela esteja suja, tenho a Lua refletida num lago diante dos meus olhos cansados. Eu queria não mais pensar em você. Vivo querendo me ocupar. Andei viajando e me divertindo, fiz um amigo e talvez até dois, me encontrei com algumas amigas. Mas se paro por um instante, eu paro por você. Eu te encontro é no meu silêncio. No final dos meus sorrisos, é você quem me sorri. A gente não se vê faz muito tempo, e eu ainda pensei mesmo que isso bastaria para me curar. A verdade é que não me curei de você, pois o tempo e a distância nunca estiveram à meu favor, nada bastou. Acho, agora, que somos mais fortes do que isso. E quando uso a primeira pessoa do plural, não é porque estamos juntos. Não somos eu e você. Uso, porque ainda dentro de mim, sim, esse sentimento nos une. Dentro de mim, lutamos para sobreviver, e tudo o que eu quero, é que enfim, possamos morrer. Morrer seria renascer. Queria não gostar tanto assim de você, apesar de tudo o que você me faz sentir. Queria ter a certeza de que não amo você, porque não lhe amo mesmo. Mas às vezes penso que tudo isso só pode ser amor. Não, mas não é. A Lua brilha, mas meu bem, a imensidão negra que a circunda é que me lembra os seus olhos. Todos os dias, eu os encontro quando a noite cai, e quando me deito, nos meus sonhos você também está. 

Ana F. Carneiro

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