segunda-feira, 11 de março de 2013

Por que?

Janeiro exibiu o Céu que eu precisava, apesar de não merecer Céu algum. Qual é o ser humano que não viaja no seu infinito particular quando olha para as estrelas? Deitei-me ali, no chão mesmo. Por mais que lançasse meu olhar na imensidão que era aquele imenso manto negro sobre minha cabeça, era para mim que eu estava voltada.
”Qual o tamanho do meu “eu” no Universo?”
A pergunta mais estúpida que poderia me fazer. Quem eu era para querer saber uma coisa dessas? Ingênua a pergunta que se mostrava agora frequentemente martelada em minha cabeça. Pensei um pouco, mas à que resposta eu poderia chegar? E quem disse que chegaria? Perguntas assim nos pedem uma solução urgente, e por isso a gente morre. A gente morre porque não entende que nunca vai entender. Porque a resposta não vai chegar voando, correndo, nadando, flutuando. Ela não vai chegar, vamos morrer antes que ela possa pensar em talvez sair da sua caverninha. E mesmo assim, eu ousei me responder, aprofundando meu quebra-cabeça.
“Se aqui, neste chão, não sou nem um grão de areia, imagine no Universo!”
Fitei o Céu uma outra vez. As estrelas brilhavam, umas com mais intensidade que as outras. Eu sempre as terei, mesmo sem as possuir. As estrelas me dizem que alguém, em algum lugar do mundo, está pensando assim também. Na verdade, eu acredito que meio mundo já pensou nisso, e outra metade ainda vai pensar. Mas ninguém vai passar por essa vida sem tentar encontrar uma resposta. A gente não se satifaz com a própria existência. A nossa sorte é que ainda não entendemos. A beleza de existir é não saber o Porquê.
Levantei-me e desta vez olhei para frente, tentando me dizer que o mundo precisava ser encarado desta forma. Entender o que não estava ao nosso alcance era algo para covardes como eu. Um passo e não resisti: tornei a olhar o Céu. No final das contas, o mundo não é um lugar tão terrível assim.

(Ana F. Carneiro)

2 comentários: