terça-feira, 20 de novembro de 2012

Para onde o mar levou você?

    Depois da neblina que cobria as manhãs, era quando eu mais pensava em você. Enquanto o dia ainda era turvo, e meus olhos tão pouco abertos, não era nunca você quem me acordava; mas à medida que o tempo ia passando, você amanhecia. Eram nos meus minutos sozinha, quando caminhava durante a hora em que o dia tomava sua forma, que aos poucos você despertava. Passos lentos sobre a esquina, uma outra piscadela de olhos, a procura costumeira e em vão, pelo rapaz, que há dois anos estaria ali a me esperar. Não houve um momento sequer em que eu passei por um de nossos caminhos e não me lembrei de você.
    Agora, apesar da pouca distância, pouco nos vemos, comparando ao que um dia era minha rotina favorita. Eu nunca me cansaria de vivê-la, repetidas vezes, todos os dias da semana, poder te ver, meu bem, embora agora esteja um pouco tarde demais para desejar voltar no tempo. Vivi um, dois pequenos desamores à fim de deixar de lado aquele abismo que era lembrar em você. Adiantava, não vou negar, mas era por tão pouco tempo, e era tão errado, egoísta. Nunca foi certo curar um amor com pequenos romances.
    E em alguns dias, você adormecia, de tal forma que aliviava o peso, eu finalmente tinha a boa impressão de que tudo ficaria mais leve daquele momento em diante. Mas ter você adormecido em mim equivale a um vazio amedrontador, que me faz voltar correndo para os braços daquilo que me deixava tão desolada quanto perdida, porém mais viva e encontrada do que o vácuo que me abria no peito ao te esquecer.

                                                   De onde eu vim não tem mar,

Onde eu vim parar?

Atraquei neste cais, por amor demais.

    Para onde os nossos mares te levaram, Daniel? O que está acontecendo com a maré, que está levando você para longe? Por favor, lute contre estas correntes, nade de volta para cá. Estou sentindo sua falta, e não é pouco. Meu maior erro é tentar te esquecer, que eu já sei que nunca deu certo. Mas se nosso amor não é para ser, ao menos me deixa te ter por aqui, como meu porto seguro?

    (Ana F.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário