terça-feira, 20 de novembro de 2012

Maré de azar


   Olhos que não têm brilhos, pernas que não querem mais andar, mãos doídas de tanto escrever, olhos cansados de ver tanto rascunho inacabado. Acho que fiz algo errado. Em algum momento, deixei cair algum pertence, ou perdi alguma sensibilidade. Quem sabe, perdi até alguma força. Só sei que as coisas pareceram mais vazias, nestes últimos dias. 
    Se foi a saudade do seu olhar, eu não sei mesmo. Às vezes acho que essa abstinência de você já passou. Caminhar sozinha tem sido doloroso. Quando me encontro só, esbarro numa porção de memórias que insistem em ir e vir. Já fazia tempo que não sentia meu corpo tão fraco. Já fazia tempo que minha mente não me derrubava de tal forma. Eu quis cair nos seus braços hoje, sem ter a certeza de que você iria me segurar.
    Eu só estou me sentindo cansada. Talvez sozinha. Sinto falta dos meus amigos, dos sorrisos e de palavras gentis. As palavras de hoje têm sido duras, e têm me jogado no chão diversas vezes. Não são todos os dias que posso ver as duas únicas pessoas capazes de me fazer sorrir. São raros, para ser sincera. Fazia tempo que não me sentia tão sentimental, tão down.
    Eu ando devorando romances de todos os jeitos. Os livros e os filmes não sendo suficientes, me trazem olhos marejados e um coração apertado. Anseando por um abraço quente, ou uma mão amiga. Consolo pessoas em prantos por não saberem onde foi parar o seu coração. Consolo gente, e não consolo à mim. Os sorrisos meus têm sido cada vez mais raros. E eu ainda estou esperando o dia em que vai tudo voltar ao normal. “É só uma maré de azar”.
    Assim espero...

(Ana F.)

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