terça-feira, 20 de novembro de 2012

    E daquele primeiro amor, eu não vou esquecer nunca. Aliás, não deixou de ser ainda, moça. Ele ainda é meu grande amor. É que eu o conheci num passado muito bonito da minha vida. Quando tudo ainda era muito ingênuo para mim, quando eu era só uma menina. E eu sinto saudades todos os dias daquela época. De quando o conheci, de quando namoro era coisa de adulto e o beijo era só "trocar saliva". Saudades de quando segurar a mão dele era um desafio, uma meta, que eu tinha medo de o abraçar e ele rejeitar, e medo do meu primeiro beijo. Saudades de quando sentar do lado dele no intervalo da escola e dividir a raia com ele na natação, já me valia o dia. De quando estar com ele era o paraíso, e não havia essa coisa de "amor que dói por não tê-lo". Era amor e pronto, não importava se ele era meu amigo, meu namorado ou meu irmão. Dava um puta frio na barriga só de esperá-lo na esquina da minha rua, para irmos para a escola juntos. E eu tinha medo de dizer que o amava. A gente andava de mãos dadas e abraçados com medo de sermos vistos, a gente "namorava" escondido, e era a coisa mais legal do mundo. A primeira vez que disse "eu te amo" para ele, eu quase me afoguei na piscina da natação! E quem me ajudou a chegar na beirada foi ele. Eu acho que já me apaixonei por ele vezes demais. E no final, acabei descobrindo que eu o amo de verdade. Mas essas histórias de romances de infância nunca duram. E isso aconteceu com a gente. Cada um foi pro seu canto, e nós não nos deixamos de nos ver. Às vezes, a gente se vê, e bate aquela nostalgia subentendida que eu sei que ele sente também. Às vezes ele é quem some, e apesar de eu o procurar, não tem muito jeito de achá-lo, e eu deixo que volte sozinho. Eu acho que ele às vezes deve pensar que eu sou uma pedra no sapato. E talvez eu seja mesmo. Ele ainda é meu melhor amigo, e eu sou muito sozinha. E eu sinto falta dele também. Eu o amo, e ele disse que me ama também, mas não há nada que possamos fazer. Ele é meu anjo, pois é nele que eu guardo minhas forças. E esse sentimento deveria ser o mais bonito de todos dentro de mim, se não fosse essa dorzinha no peito. Essa minha sensação de casa vazia e arrumada esperando ele voltar, mas ele nunca vem. Se não fosse essa saudade de ouvir a sua voz emoldurando as suas velhas frases gentis, essa saudade das mãos entrelaçadas e de quando ele me levava até o portão de casa e se despedia com um beijo na bochecha, Se não fosse todo esse cansaço de esperar alguém que não vai nunca ser meu. Se não fosse essa vontade, quase uma necessidade, de o esquecer, e essa frustração de não conseguir. Esse amor seria bonito, se fosse nosso, e não só meu.
    Eu te pedi, meu amor, "ne me quitte pas", mas você foi embora. A gente foi feito um para o outro, mas você não aceita minha imperfeição. Me perdoa todo o drama que faço por não te ter, mas é amargo esse respirar sem ser com você, Ana F.

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